No aniversário de 8 anos do Centro Olímpico e Paralímpico da Estrutural (COP), o destaque da programação especial foi a apresentação dos alunos do projeto Futuro Campeão de Ginástica Acrobática, que encantou o público com sua performance despojada. E não é para menos. A turma da professora Marcelle Rodrigues ensaia três vezes na semana por quase quatro horas cada aula. A dedicação tem mostrado resultado. Dali já saíram representantes para competições internacionais. Como Keity Almeida, que viajou pelo Compete Brasília para o Pan-Americano de Clubes, no México.
No grupo de 30 pessoas – com idades de 7 a 17 anos – chama a atenção o único menino entre as 29 meninas. Kalebe Henrique da Silva Souza, de 9 anos, teve a iniciativa de procurar a professora do local para mostrar suas habilidades com a ginástica acrobática. Habilidades essas percebidas pela sua família desde quando ainda era um bebê. “Ele sempre teve muita flexibilidade, facilidade para movimentar o corpo. Colocava os pés sob a cabeça e fazia a abertura”, destaca a mãe, Regiane da Silva Souza. Com diagnóstico de imperatividade e epilepsia, tendo dificuldade de concentração, Kalebe se mostra esforçado para alcançar melhores resultados na modalidade.
A paixão pela ginástica acrobática também transformou a vida das irmãs Ana Cecília, de 11 anos, e Ana Júlia, 8 anos. Tendo como inspirações os primos, o ginasta Aldo Rezende e a judoca Erika Miranda, elas fazem, o caminho de ônibus entre a Samambaia, região em que residem, e o Centro Olímpico e Paralímpico da Estrutural, sempre acompanhadas da mãe, a dona de casa Alessandra Cardoso, que se dedica integralmente aos treinamentos das filhas. A vontade inicial de Cecília em investir no balé abriu espaço para a ginástica e conseguiu levar a irmã. Entre idas e vindas, a dupla frequenta o local há quatro anos.
“Estamos muito felizes aqui. A gente aprende um pouco a cada dia e temos a consciência que precisamos aprender mais. Gosto de ler tudo sobre a ginástica. Quero ser igual aos meus primos, que sei que tiveram força para superar muitos obstáculos. Participamos de torneios em trios, duplas, e quero mais”, destaca Cecília. A turma do Futuro Campeão participou, neste ano, pela primeira vez, de um campeonato fora do Distrito Federal. Mesmo a ginástica acrobática sendo uma atividade disponível desde o ano da inauguração do COP da Estrutural, em 2011, somente após três anos, foi que fez parte do programa de rendimento do Futuro Campeão.
“Há a questão da vulnerabilidade social muito grande na região, além de outras questões como infraestrutura e segurança. Por isso o projeto, assim como outras atividades disponibilizadas no COP, é como se fosse uma porta se abrindo para novos horizontes, novas oportunidades e melhores expectativas. Lá a turma tem uma visão diferente, pelo olhar do esporte, com mais disciplina e coletividade”, avalia a professora Marcelle Rodrigues, formada em educação física com especialidade em ginástica acrobática. Ela confessa que, muitas vezes, os alunos iniciam na modalidade sem conhecê-la muito bem e depois, com a prática, vão aprendendo mais a cada dia.
“Alguns citam até Daiane do Santos, atleta de ginástica artística, mais por influência da mídia. Não têm o conhecimento, mas apresentam flexibilidade, sabem fazer os movimentos”, completa. Atualmente, além de Kalebe, ela destaca Andressa e Anali como outras jovens promessas da modalidade. Neste ano, o grupo participou, entre outras competições, da Copa Gym Acro Uberaba e do Troféu Brasília.